A Pastoral Operária em Piracicaba ressurge em virtude do contexto atual de retirada de direitos. Aliando a fé e cidadania, luta com e pelo trabalhador.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

O PENSAR Nº14


 
 
20 DE NOVEMBRO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
Alguma vez você já se perguntou o porquê de existir uma data em homenagem e reflexão a comunidade negra? Alguma vez você já ouviu alguém se perguntar o porquê de existir a expressão 100% negro e não se falar 100% branco?

Primeiramente temos que relembrar uma questão histórica. Os negros vieram ao Brasil não por livre e espontânea vontade, mas sim retirados violentamente de suas terras na África para serem escravizados aqui. Foram tratados em condições subumanas além de torturados e muitas vezes assassinados, como se fossem objetos. A escravidão foi um dos maiores crimes da humanidade.

Em segundo lugar é preciso falar sobre o fim da escravidão no Brasil que vergonhosamente foi tardio. Ao invés de inserir os ex-escravos no trabalho, a elite brasileira representada pelos governantes decidiu embranquecer a população trazendo imigrantes europeus para ocuparem as atividades antes realizadas pelos escravos.

O que essas questões históricas têm a ver com tudo isso? Antes da resposta são necessários alguns questionamentos. Quantos médicos negros você conhece? Professores? Engenheiros? Agora compare: quantas faxineiras negras e pedreiros, como exemplos, você conhece? Os últimos questionamentos respondem o primeiro. O crime histórico da escravidão reflete nas condições atuais da população negra como a questão dos baixos salários, do subemprego, do racismo, a falta de moradia da violência, sendo a favela local onde se concentra a maioria da população negra e parda. Também não se pode deixar de mencionar o massacre da juventude Negra nas periferias, crimes bárbaros que são tidos como normais.

DESIGUALDADE ENTRE POPULAÇÃO NEGRA E POPULAÇÃO BRANCA (JULGAR)
Segundo D. Zanoni, citando o papa João Paulo II, há mais de trinta anos, os ricos estão cada vez mais ricos à custa dos pobres e os pobres cada vez mais pobres. “E essa realidade só se agravou. Tem crescido por demais a desigualdade. E a nossa preocupação é quando se prioriza políticas de endeusamento do lucro e se esquece das pessoas. E à Igreja – creio que é sua missão – cabe aliar-se e se comprometer com toda a luta que resgate a vida das pessoas, que restaure vidas, que gere ações afirmativas. Creio que esse é o caminho, justamente com o povo negro, com a juventude negra, com esse povo que passou 300 anos de escravidão, esse crime de lesa humanidade. É aquilo que o Papa Francisco tem insistido: “Precisamos pensar uma nova economia, uma nova ordem mundial de solidariedade e paz”, ressaltou.

A população negra também sofre, hoje também, com a intolerância religiosa. “Nós, de fato, observamos uma demonização das coisas do negro. Da religião do negro. Por que só a cultura dos nórdicos, a cultura europeia, é tida como boa? Um franciscano que foi meu professor, Hugo Fragoso, perguntava por que na liturgia se pode tocar os órgãos que se tocavam nos cabarés europeus, e não pode tocar os atabaques? Hoje, nós percebemos essa intolerância, esse racismo, essa visão distorcida da fé e do cristianismo. A compreensão da evangelização passa necessariamente pelo encontro com outro, pela valorização da pessoa humana. Não há referência outra que não seja Jesus. Ele não teve preconceito para com o estrangeiro, sentou-se com a samaritana, passou a vida fazendo o bem, amou sem condição. Então, essa intolerância é a negação da fé cristã e do cristianismo”, lamentou. “Assumir a concretude da vida do nosso povo, a realidade sofrida da nossa gente, é o grande desafio da ação evangelizadora da Igreja neste mundo pluralista e secularizado”, completou.


UNIÃO (AGIR)
União, essa é a palavra chave. Não à toa, 20 de novembro foi a data escolhida para celebrar o dia da consciência negra. 20 de novembro foi a data atribuída a um Zumbi dos Palmares grande liderança pela luta da libertação dos escravos.

As injustiças continuam. O povo negro deve se unir e lutar por suas causas, não devendo jamais estar à margem da luta dos trabalhadores.

A exemplo, a Igreja Católica possui a Pastoral afro-brasileira a qual busca integrar e articular a comunidade Negra na construção de uma sociedade mais justa, sem discriminação e com fé em Cristo.

Xadrez Preto e Branco
Dia especial pra consciência?
Trata-se de prepotência?
Quem tem essa carência?
Supremacia branca na essência?
Na negritude há incongruência?

Afinal, quem discrimina?
Eu, você, Nós? Claro que não!
Mas... e naquele emprego?
É selecionado o negro?

Os 80 tiros a um alvo disparado
Foi o músico Evaldo, fenestrado
Sumiu Amarildo, não encontrado
Mais um preto acossado

O brilho da menina Agatha
Pelo Estado foi apagado
Criança nem Jovem é poupado
Em seu peito tem alvo
desenhado

Governador, instinto faccionado
Fuzil na mão, aerotransportado
tiro ao alvo tem praticado,
compatriota na mira, dizimado
Filho de juíza, privilegiado
Com 130kg de droga foi flagrado
Mas esse fica solto,
não é enquadrado

Mulher, pobre e negra
A ativista Preta Ferreira
Foi jogada na cela, sem crime
Injustiça costumeira

Há quem seja alvejada
Uma, duas, ‘n‛ vezes
Por tiro de morte morrida
Ou ofensa da boca maldita
Talvez por ter alma invejada
No lugar do respeito, despeito
Em presença carnal ou espectral
Continua sendo indesejada
Suas denúncias, incomodava
Onde a negociata solta rolava
A moça tinha que ser eliminada
Vereadora jamais seria deputada

Seu nome rima com pele
Negra pele, como se atreve

A pistolagem foi premeditada
Por algozes de grosso calibre
Bando blindado, Barra pesada

Que isso não seja ‘normalizado‛
Há carência do Ser indignado
Consciência Negra é necessário
Privilégio branco não é afetado
Convivamos em harmonia
Evolução em sintonia

(Daisy Costa)

 

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