A Pastoral Operária em Piracicaba ressurge em virtude do contexto atual de retirada de direitos. Aliando a fé e cidadania, luta com e pelo trabalhador.

domingo, 23 de dezembro de 2018

SENTIDO VERDADEIRO DO NATAL

 
Fonte:além-mar.org
  Então, é Natal. Luzes, cantos, presentes, belas mensagens e orações mexem com nossos corações, aflorando emoções: saudades de belos tempos de infância, de amigos e amigas distantes, e dor no peito ao recordar familiares que já se foram. O Natal nos torna, é certo, mais afáveis. O clima de mais amor refresca o calor de discussões e dissenções. Os que amargam dissabores ensaiam sorrisos e abraços. Colegas de estudo e companheiros de trabalho se confraternizam.
    Que bom! É Natal. Por quanto tempo? Até a ressaca do dia seguinte? Até que os presentes percam seus encantos? Até que tudo volte ao ritmo anormal de “cada um pra si”? Até que o comércio anuncie promoções para continuar tentando vender a quem sobrevive com dinheiro curto? Afinal, celebramos, realmente, o nascimento do Filho de Deus? Ele, “Deus conosco”, habitando entre nós, apontou-nos o caminho para um modo definitivamente novo de vida em comum.
    Necessitamos discerni-lo bem. Se o Natal for motivo para uma festa de aniversário na qual o próprio aniversariante é deixado de lado ou tido como coadjuvante de um Papai Noel mercantilizado, qual sentido terá? Será uma mera comemoração prazerosa, sem novos horizontes. No entanto, se crermos em Cristo, o amarmos e o seguirmos com fidelidade, construiremos relacionamentos e um estilo de sociedade que corresponde ao Reino de justiça que ele inaugurou.
    Se o Natal for, portanto, vivido em seu sentido verdadeiro, faremos mais e melhor, por exemplo, pelas entidades socioeducativas de crianças e adolescentes, e famílias carentes. O presépio será, então, de pessoas concretas, com dramas reais: os sem teto, sem emprego, sem-terra, sem educação de qualidade, sem atenção à saúde, sem aposentadoria justa, sem afeto, sem paz, sem liberdade, e os sem ânimo para viver por causa de tantos problemas e adversidades.
    Neles, Cristo faz sua morada, demonstrando-lhes que são destinatários da Boa-Nova, libertando-os de suas opressões, tornando-os sujeitos proativos, estimulando-os a alçarem suas vozes coletivas para serem tomados em conta em decisões governamentais e conquistarem respeito à sua condição de cidadãos e à sua dignidade de filhos e filhas de Deus. Natal é, portanto, emancipação e humanização, que dão sentido à nossa coexistência.
    É tempo intenso de oração e ação. Mexe com corações. Mexe, também, com noções e nações. Nele, a encarnação do Filho de Deus e a redenção em Cristo se associam. Sua ressurreição nos abriu o caminho para um novo e definitivo nascimento. Essa obra será completada em sua segunda vinda, pela qual libertará completamente a humanidade, possibilitando-a participar de sua glória. A salvação em Cristo é, pois, universal. Ele a oferece ao mundo todo.
    Ele mesmo diz que todas as nações da terra serão reunidas diante dele para o juízo final (cf. Mt 25,31-46). Os solidários entrarão no Reino de Deus. Os que viverem somente para si recusarão a vida em plenitude. Qual opção, nós, pessoalmente, faremos? Qual opção nossa nação, também, fará? Construiremos um país justo e solidário ou repetiremos a história, desprezando Cristo, pelo desprezo aos pobres e condenando suas lutas por vida digna?
Jales, 20 de dezembro de 2018.

Dom Reginaldo Andrietta, Bispo diocesano de Jales e da Pastoral Operáaria
   

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O PENSAR Nº005


 MEIO AMBIENTE SOB AMEAÇA (VER)
Bento Rodrigues, Mariana, MG Fonte: wikipedia
    Todos precisam de água potável. To­dos precisam de ar puro. De solos bons, férteis para plantar. Isso não é luxo, é uma necessidade, é sobre­vivência.
    O Brasil sempre esteve no vermelho quando o assunto é preservação ambiental. Um país com leis ambientais frágeis, com fiscalização totalmente precária, lugar preferido das multinacionais estrangeiras para exploração de recursos minerais e mão­-de­-obra barata. Podendo poluir e destruir livremente o ambiente. Um grande exemplo é o caso de Mariana em Minas Gerais, palco do maior de­sastre ambiental do país causado pela mineradora Samarco. Por negligência, a barragem com rejeitos de mineração rompeu­-se de­struindo todo o subdistrito de Bento Rodrigues, resultando na morte de 19 pessoas, 1500 desabrigados e destruição de ecossistemas, contaminando tudo a sua volta. Mais criminosa ainda, é a ação da justiça que permitiu a impunidade, liberando a empresa das ind­enizações.
    Outro problema bastante conhecido é a destruição da floresta Amazônica. A visibilidade se dá pela propagação da mídia. Porém não se deve esquecer da destruição de outros biomas como a Caatinga e o Cerrado, os quais não são demonstradas com tanta im­portância. A extração da madeira e a expansão agropecuária são as responsáveis por esses crimes. Sem contar também com a contami­nação dos solos e da água com a utilização indiscriminada de
agrotóxicos.
    O que dizer da falta de saneamento básico? Esgoto a céu aberto, proliferação de doenças, resultante da falta de moradias ad­equadas, da pobreza extrema.
Não precisamos ir longe. Em Piracicaba o seu principal rio, o rio Piracicaba, está totalmente castigado. Possui um dos piores índices de classificação de poluição, além de grande parte das águas dos seus formadores serem retiradas para abastecer a Região Metropolitana de São Paulo. Além também de uso indiscrim­inado de agrotóxicos, grande parte das nascentes não são re­speitadas, muito menos as matas ciliares, sendo destruídas para dar lugar a cana-­de-açúcar, por exemplo.
    É preciso esclarecer que não existe problema ambiental. Ex­iste, na verdade, um grave problema social que reflete no ambiental. Desta forma, toda essa destruição é fruto da ganância dos capitalis­tas, dos ricos, cujo objetivo é lucrar. Não importa se o agrotóxico causará doenças, se faltará água potável, se haverá mortes... Neste sistema bruto e cruel o trabalhador não é visto domo ser humano, mas uma máquina que não merece um salário e uma moradia digna,
quanto mais um meio ambiente sadio.

MÃE TERRA: NOSSA CASA COMUM (JULGAR)
    Falar de bioma não é só falar de plantas, animais, fungos e as relações entre si, mas também inclui os seres humanos.
    Denunciar e lutar contra a destruição dessa comunidade é lutar por nossa casa comum, pela vida em toda a sua integralidade, pelo Planeta, “que sofre em dores do parto”. O agronegócio empobrece o solo, polui as águas e leva perigo a todo o ecossistema. O monocultivo, os agrotóxicos, os transgênicos, a exploração irracional das florestas e a atividade mineradora podem
causar desastres criminosos.
    A destruição faz parte do sistema ganancioso de acumulação e lucro do capital. A vida, as abelhas, as plantas, tudo vira uma mercadoria.
    Temos que destacar também os inúmeros casos de mercantilização da água que se multiplicam no Brasil há décadas, porém feitos à revelia do Estado. Atualmente é o próprio Estado que patrocina a visão monetária sobre a água através da privatização e políticas de concessão de administração das empresas
distribuidoras, retirando dela o seu caráter público e de um direito humano inalienável.
    Por tudo isso, devemos lutar pelas mudanças desse sistema que exclui, degrada e mata, assim como lutam os diversos movimentos de resistência. É preciso resistir: pela nossa história, pela vida do Planeta, por “Vida em primeiro lugar” na nossa Casa Comum!
Trecho extraído do Boletim Grito dos/as Excluídos/as ano 24 no 68.

LUTAS AMBIENTAIS EM PIRACICABA (AGIR)
    Imagine você, trabalhador, receber uma conta de água com valor em torno de mil reais? Pois é, em 2016 muitos trabalhadores se indignaram com as contas que receberam com valores absurdamente altos. Além disso, houve diversos aumentos nas tarifas de água prejudicando ainda mais os trabalhadores. Dessa forma surgiu um grupo na internet chamado “Lesados pelo SEMAE” cujo objetivo era denunciar os abusos cometidos pela empresa de abastecimento de água aglutinando um número grande de piracicabanos descontentes que passaram a se organizar cobrando o executivo e o legislativo a tomarem decisões a favor da população para solucionar o problema.
    Outro caso relevante que gerou discussão no município foi em 2013 com o anúncio da construção de uma barragem em Santa Maria da Serra para tornar o Rio Piracicaba navegável, não justificando de forma clara a viabilidade e as vantagens econômicas desta obra. Como consequência, o mimi pantanal do Tanquã seria extinto e, junto com ele, diversas espécies. Os trabalhadores rurais
moradores do Tanquã seriam expulsos, sendo um imenso prejuízo para eles, cuja sobrevivência depende da pesca. Como exemplo, mais uma vez, ambientalistas e moradores manifestaram a insatisfação e lutaram contra a construção da barragem.
    Nem sempre a luta leva a vitória, mas é o único caminho para se chegar nela. Denunciar a opressão, as injustiças e lutar por uma sociedade mais justa é buscar o projeto de Jesus Cristo, o Reino de Deus.

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O PENSAR Nº15

ADEUS ANO VELHO, FELIZ ANO NOVO? (VER) Gostaríamos aqui de falar sobre as glórias alcançadas em 2019, mas infelizmente isso não ...