A Pastoral Operária em Piracicaba ressurge em virtude do contexto atual de retirada de direitos. Aliando a fé e cidadania, luta com e pelo trabalhador.

domingo, 13 de janeiro de 2019

O PENSAR Nº006

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      A VERDADE VOS LIBERTARÁ
As tensões intensas presentes na sociedade brasileira, manifestadas sobretudo no período eleitoral deste ano, demonstram problemas gravíssimos, acumulados ao longo de nossa história, que devem ser sabiamente analisados e tratados. Cabe a todos, sem exceção, estudarmos profundamente esses problemas e unirmo-nos para solucioná-los, afinal, nosso destino comum está em jogo. 
Soluções simplistas serão, no mínimo, ingênuas. Por isso, devemos construir análises coletivas. Temos, hoje, a nosso favor, instrumentos que nos permitem partilhar facilmente informações, reflexões e propostas de ação, cuidando-nos em não cair na armadilha de crer no que é falso, preconceituoso, grosseiro e disseminador de conflitos, disfarçado, muitas vezes, de moralidade e religiosidade.

A moral é própria de todo ser humano e a religiosidade está enraizada em nossa cultura. Ambas têm se mostrado cruciais em nossa convivência social, especialmente nos momentos de escolha de nossos gestores públicos, por meio dos quais estão em jogo projetos societários. Como tratá-las? Estudando-as e compreendendo-as com profundidade para valermo-nos delas de modo saudável.

A moral e a religiosidade são saudáveis se são humanizadoras. Para tal, não podem ser instrumentalizadas. O uso, por exemplo, da palavra de Cristo, “a verdade vos libertará” (Jo 8,32), como propaganda política, pode significar instrumentalização de linguagem religiosa para finalidades incongruentes com o sentido dado pelo próprio Cristo à verdade. Que tal estudarmos seu real sentido?

De fato, necessitamos estudar profundamente a Bíblia, por ser uma fonte fundamental da cultura cristã, marcante na civilização que estamos inseridos; marcante, também, na vida política atual. Aliás, existe uma “Bancada da Bíblia” no Congresso Nacional, que necessita ser analisada criticamente por compactuar-se com muitas decisões contraditórias com o que propõe a própria Palavra de Deus.

Nós, cristãos, temos a responsabilidade de exigir que todos os que exercem cargos públicos, trabalhem em favor do bem comum com honestidade, não só respeitando o estado democrático de direito, senão promovendo a democracia participativa. Nossa responsabilidade é ainda maior frente aos que se identificam como cristãos em funções públicas. Exortados por Cristo, cabe-nos orar e vigiar.

Por isso, palavras, atitudes e ações de todos, sobretudo dos que são autoridades públicas, devem ser criticamente analisadas, com respeito, mas sem timidez. Não deixemos, então, que o medo nos domine. Cristo, dirigindo-se a seus discípulos, foi transparente a esse respeito: “Neste mundo vocês terão aflições, mas tenham coragem; eu venci o mundo” (Jo 16,33). Assim o disse, comunicando-lhes sua paz.

“Cristo é a nossa paz” (Ef 2,14). Por meio dele, recusemos alimentar e disseminar ódio. “Quem odeia seu irmão é assassino e vocês sabem que nenhum assassino tem em si a vida eterna” (1Jo 3,15). Portanto, façamos tudo, da melhor forma, para superar conflitos, defendendo o que é justo e agradável a Deus. Guiemo-nos, então, por Cristo, verdade que nos liberta até mesmo dos que pretendem apropriar-se dela.

Dom Reginaldo Andrietta, Bispo Diocesano de Jales e da Pastoral Operária

O QUE A CLASSE CLASSE TRABALHADORA DEVE ESPERAR DE 2019?
Ano novo, vida nova, tudo novo. É sempre esse o pensamento na virada de cada ano, com expectativas positivas. Sendo realistas, quais reais expectativas a classe trabalhadora deve possuir em relação a 2019?
Em primeiro lugar, é preciso se espelhar neste ano de 2018, bem como em 2016, com o golpe de estado com a retirada da então presidente eleita. Neste intervalo foi possível observar retiradas de direitos trabalhistas como a terceirização irrestrita, objetivando a diminuição de gastos e aumento de lucro para os patrões e, claro, consequentemente a precarização do trabalho.
Um ponto relevante foi a eleição de Jair Bolsonaro. Representante do capital e do imperialismo, sua missão é de servir aos interesses dos patrões retirando ao máximo de direitos dos trabalhadores, além de entregar o patrimônio as transnacionais estrangeiras. A defesa da destruição dos direitos e das privatizações foi feita de forma clara nas suas campanhas eleitorais.
Tal fato pode ser verificado em uma de suas promessas como a redução do número de ministérios. Realmente houve uma redução , mas o um importante ministério eliminado foi o do trabalho. Justamente este ministério que fiscaliza as relações de trabalho, que realiza intermediações com sindicatos, que por diversas vezes libertou trabalhadores em condições de escravidão... Com a extinção do ministério essas ações serão fragmentadas para outros ministérios enfraquecendo-as ou anulando-as. Indicando, desta forma, uma clara política de ataque aos trabalhadores, sendo uma continuidade e até mesmo um aprofundamento do governo Temer.
O novo governo demonstrou claramente ser inimigo do trabalhador e dessa mesma forma (não apenas ele como todos que aplicarem essa política) deve ser tratado: como inimigo da classe trabalhadora. Mobilizar contra os ataques e em defesa dos direitos, denunciar, se organizar no ambiente de trabalho e nos sindicatos são formas de impedir o avanço de um governo prejudicial aos trabalhadores. Não só na fé, mas na ação que serão derrotados esses planos. Legitimar este novo governo é aceitar a derrota da classe trabalhadora. 

Errata: na versão impressa, no artigo "O QUE A CLASSE TRABALHADORA DEVE ESPERAR DE 2019?" foi mencionada a quantidade de 23 ministérios no governo Dilma, quando o correto era 39, com redução para 31 em 2015 e novamente uma redução para 26 no período de transição (Temer). Desta forma, estando diferente do texto impresso, esta versão digital está corrigida.


O PENSAR Nº15

ADEUS ANO VELHO, FELIZ ANO NOVO? (VER) Gostaríamos aqui de falar sobre as glórias alcançadas em 2019, mas infelizmente isso não ...