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As tensões intensas presentes na sociedade
brasileira, manifestadas sobretudo no período eleitoral deste ano,
demonstram problemas gravíssimos, acumulados ao longo de nossa história,
que devem ser sabiamente analisados e tratados. Cabe a todos, sem
exceção, estudarmos profundamente esses problemas e unirmo-nos para
solucioná-los, afinal, nosso destino comum está em jogo.
Soluções simplistas serão, no mínimo,
ingênuas. Por isso, devemos construir análises coletivas. Temos, hoje, a
nosso favor, instrumentos que nos permitem partilhar facilmente
informações, reflexões e propostas de ação, cuidando-nos em não cair na
armadilha de crer no que é falso, preconceituoso, grosseiro e
disseminador de conflitos, disfarçado, muitas vezes, de moralidade e
religiosidade.
A moral é própria de todo ser humano e a
religiosidade está enraizada em nossa cultura. Ambas têm se mostrado
cruciais em nossa convivência social, especialmente nos momentos de
escolha de nossos gestores públicos, por meio dos quais estão em jogo
projetos societários. Como tratá-las? Estudando-as e compreendendo-as
com profundidade para valermo-nos delas de modo saudável.
A moral e a religiosidade são saudáveis
se são humanizadoras. Para tal, não podem ser instrumentalizadas. O uso,
por exemplo, da palavra de Cristo, “a verdade vos libertará” (Jo 8,32),
como propaganda política, pode significar instrumentalização de
linguagem religiosa para finalidades incongruentes com o sentido dado
pelo próprio Cristo à verdade. Que tal estudarmos seu real sentido?
De fato, necessitamos estudar
profundamente a Bíblia, por ser uma fonte fundamental da cultura cristã,
marcante na civilização que estamos inseridos; marcante, também, na
vida política atual. Aliás, existe uma “Bancada da Bíblia” no Congresso
Nacional, que necessita ser analisada criticamente por compactuar-se com
muitas decisões contraditórias com o que propõe a própria Palavra de
Deus.
Nós, cristãos, temos a responsabilidade
de exigir que todos os que exercem cargos públicos, trabalhem em favor
do bem comum com honestidade, não só respeitando o estado democrático de
direito, senão promovendo a democracia participativa. Nossa
responsabilidade é ainda maior frente aos que se identificam como
cristãos em funções públicas. Exortados por Cristo, cabe-nos orar e
vigiar.
Por isso, palavras, atitudes e ações de
todos, sobretudo dos que são autoridades públicas, devem ser
criticamente analisadas, com respeito, mas sem timidez. Não deixemos,
então, que o medo nos domine. Cristo, dirigindo-se a seus discípulos,
foi transparente a esse respeito: “Neste mundo vocês terão aflições, mas
tenham coragem; eu venci o mundo” (Jo 16,33). Assim o disse,
comunicando-lhes sua paz.
“Cristo é a nossa paz” (Ef 2,14). Por
meio dele, recusemos alimentar e disseminar ódio. “Quem odeia seu irmão é
assassino e vocês sabem que nenhum assassino tem em si a vida eterna”
(1Jo 3,15). Portanto, façamos tudo, da melhor forma, para superar
conflitos, defendendo o que é justo e agradável a Deus. Guiemo-nos,
então, por Cristo, verdade que nos liberta até mesmo dos que pretendem
apropriar-se dela.
Dom Reginaldo Andrietta, Bispo Diocesano de Jales e da Pastoral Operária
O QUE A CLASSE CLASSE
TRABALHADORA DEVE ESPERAR DE 2019?
Em primeiro lugar, é preciso se
espelhar neste ano de 2018, bem como em 2016, com o golpe de estado
com a retirada da então presidente eleita. Neste intervalo foi
possível observar retiradas de direitos trabalhistas como a
terceirização irrestrita, objetivando a diminuição de gastos e
aumento de lucro para os patrões e, claro, consequentemente a
precarização do trabalho.
Um ponto relevante foi a eleição
de Jair Bolsonaro. Representante do capital e do imperialismo, sua
missão é de servir aos interesses dos patrões retirando ao máximo
de direitos dos trabalhadores, além de entregar o patrimônio as
transnacionais estrangeiras. A defesa da destruição dos direitos e
das privatizações foi feita de forma clara nas suas campanhas
eleitorais.
Tal fato pode ser verificado em
uma de suas promessas como a redução do número de ministérios.
Realmente houve uma redução , mas o um
importante ministério
eliminado foi o do trabalho. Justamente este ministério que
fiscaliza as relações de trabalho, que realiza intermediações com
sindicatos, que por diversas vezes libertou trabalhadores em
condições de escravidão... Com a extinção do ministério essas
ações serão fragmentadas para outros ministérios enfraquecendo-as
ou anulando-as. Indicando, desta forma, uma clara política de ataque
aos trabalhadores, sendo uma continuidade e até mesmo um
aprofundamento do governo Temer.
O novo governo demonstrou
claramente ser inimigo do trabalhador e dessa mesma forma (não
apenas ele como todos que aplicarem essa política) deve ser tratado:
como inimigo da classe trabalhadora. Mobilizar contra os ataques e em
defesa dos direitos, denunciar, se organizar no ambiente de trabalho
e nos sindicatos são formas de impedir o avanço de um governo
prejudicial aos trabalhadores. Não só na fé, mas na ação que
serão derrotados esses planos. Legitimar este novo governo é
aceitar a derrota da classe trabalhadora.
Errata: na versão impressa, no artigo "O QUE A CLASSE TRABALHADORA DEVE ESPERAR DE 2019?" foi mencionada a quantidade de 23 ministérios no governo Dilma, quando o correto era 39, com redução para 31 em 2015 e novamente uma redução para 26 no período de transição (Temer). Desta forma, estando diferente do texto impresso, esta versão digital está corrigida.
Errata: na versão impressa, no artigo "O QUE A CLASSE TRABALHADORA DEVE ESPERAR DE 2019?" foi mencionada a quantidade de 23 ministérios no governo Dilma, quando o correto era 39, com redução para 31 em 2015 e novamente uma redução para 26 no período de transição (Temer). Desta forma, estando diferente do texto impresso, esta versão digital está corrigida.