O PENSAR
Boletim informativo da Pastoral Operária
Piracicaba SP Ano 02 No. 012 Agosto 2019
Piracicaba SP Ano 02 No. 012 Agosto 2019
O cuidado com os nossos irmãos abre nosso coração para acolher um dom maravilhoso”.... “Os responsáveis pelas instituições dirão que é impossível fazer milagres para manter os custos benefícios. Sem dúvida, milagre não é fazer o impossível, o milagre é encontrar no doente, no desamparado que temos diante de nós, um irmão. Somos chamados a reconhecer no doente o receptor das prestações de imenso valor de sua dignidade como ser humano, como filho de Deus”....“A consciência de valorizar a dignidade do ser humano permite que sejam criadas estruturas legislativas, econômicas e médicas necessárias para enfrentar os problemas que irão surgindo”.
IV Seminário de Ética na gestão de
Serviços de Saúde, 2018
Papa Francisco
O
SUS PODERÁ DEIXAR DE EXISTIR (VER)
Quando
se pensa em acesso a saúde, vem a mente a seguinte questão: como o
trabalhador, ganhando um salário mínimo pode arcar com os custos de
um plano de saúde? Simplesmente impossível. Desta forma surgiu o
SUS (Sistema Único de Saúde), através de ampla mobilização
popular, um sistema de saúde público e gratuito que providencia
atendimentos dos mais simples aos mais complexos, bem como ações
essenciais, como por exemplo, a vacinação. Infelizmente o
sucateamento do SUS é um projeto projeto que visa lucrar sobre a
saúde, contando com a grande mídia na desmoralização do sistema.
Porém, o que estamos assistindo é a destruição desta grande
conquista caminhando para seu fim.
Com
o golpe de 2016 e a ascensão do Temer a presidência da república
foi aprovado o congelamento dos investimentos públicos por 20 anos.
Com o aumento da população brasileira, tal medida é cruel e
condena a morte lenta este sistema de saúde. Mas os ataques não
param por aí. Agora com Jair Bolsonaro na presidência, os ataques
têm sido mais intensos. A começar no início do mandato com ofensas
aos médicos cubanos, questionando suas habilidades profissionais,
resultando no cancelamento da parceria do programa brasileiro Mais
Médicos por parte do governo cubano devido ao total desrespeito e
ameaças proferidas pelo atual presidente. Bolsonaro também retirou
mais de sete bilhões de reais das áreas sociais nas quais está
incluída a saúde. Dentre as medidas mais cruéis e genocidas, estão
a suspensão de contratos com laboratórios nacionais impedindo a
produção de 19 medicamentos dos quais muitas pessoas dependem para
sobreviver, bem como a nova definição de repasse de verbas de
acordo com usuários cadastrados, restringindo o acesso da população
ao SUS.
Deste
modo, tais fatos estão acelerando de forma agressiva a destruição
do SUS, cujo o único objetivo é sua posterior privatização
(venda, entrega aos capitalistas) massacrando a classe trabalhadora.
SAÚDE
E POLÍTICAS PÚBLICAS (JULGAR)
A
Organização Mundial da Saúde adverte que, para que se diga que uma
pessoa não tem doença, é preciso que ela goze de completo
bem-estar. Boas condições do meio ambiente, boa alimentação,
boas condições de trabalho e de ambiente de estudo, são exemplos
do que se considera direito a saúde. Porém, no Brasil há milhões
de pessoas que passam fome, persiste más condições de trabalho e
escolas precárias e ausência de áreas de lazer.
Em
décadas de lutas sociais, a saúde passou a ser “direito de todos
e dever do Estado” pela Constituição Federal de 1988. Esta ainda
determina que o Sistema Único de Saúde – SUS, em vigor no Brasil,
deve ser gratuito, de qualidade e universal, acessível a todos os
brasileiros ou residentes no Brasil. Entretanto, há deficiências no
atendimento ao doente. Neste momento o SUS sofre as consequências da
Emenda constitucional 95/2016, que criou um teto para os gastos da
saúde de forma que o orçamento se tornou insuficiente para o
atendimento.
A
crise ética, política, econômica e cultural tem se aprofundado
cada vez mais no Brasil. A opção por um liberalismo exacerbado e
perverso, que desidrata o Estado quase ao ponto de eliminá-lo,
ignorando as políticas sociais de vital importância para a maioria
da população, favorece o aumento das desigualdades e a concentração
de renda em níveis intoleráveis, tornando os ricos mais ricos à
custa dos pobres cada vez mais pobres, conforme já lembrava o Papa
João Paulo II na Conferência de Puebla (1979). Nesse contexto e
inspirados na Campanha da Fraternidade deste ano, urge reafirmar a
necessidade de políticas públicas que assegurem a participação, a
cidadania e o bem comum.
Fraternidade
e Políticas Públicas (CF2019) e Mensagem da CNBB ao povo brasileiro
(2019)
REAGIR
DIANTE DOS FATOS (AGIR)
Nota-se
pelo silêncio e compactuação das instituições que deveriam zelar
pela constituição, pela democracia e pelos direitos dos
trabalhadores estão apodrecidas. Basta vermos os absurdos aprovados
pelo congresso, o apoio da justiça, a imposição dos militares em
apoio às políticas genocidas de Jair Bolsonaro.
Mais
estranho ainda é o silêncio de entidades sindicais, partidárias e
de movimentos populares em relação as instituições do Estado, num
malabarismo para defender uma "democracia" a qual já era
deficitária, que foi assassinada em 2016 e que agora se transformou
em um monstro genocida a serviço do capital internacional.
Demonstrando confusão política, as lideranças populares lutam por
pautas fragmentadas e manifestações esparsas, ignorando a
centralidade do problema e jogando a solução para as próximas
eleições, enquanto a classe trabalhadora a cada dia enfrenta
dezenas de derrotas.
Dessa
forma, Jair Bolsonaro não irá ouvir o clamor dos trabalhadores, o
STF não zelará pela democracia, os militares não defenderão a
soberania. Faz-se urgente a luta pela reformulação dessas
instituições ou até mesmo a construção de novas instituições
populares, através de novas eleições e nova constituição
popular, visando a retirada de todos os inimigos dos trabalhadores e
da democracia. Deste modo, organize-se no seu bairro, na sua igreja,
escola, conselhos municipais e estaduais, movimentos sociais, cobre
posicionamentos do seu sindicato e partido. Não é questão de
ideologia, mas sim de sobrevivência, pois o momento exige mudanças
radicais. Do contrário, o SUS e muitos outros direitos serão apenas
uma vaga lembrança para uma população que estará condenada a
miséria.
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