A Pastoral Operária em Piracicaba ressurge em virtude do contexto atual de retirada de direitos. Aliando a fé e cidadania, luta com e pelo trabalhador.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

O PENSAR Nº004

24º GRITO DOS EXCLUÍDOS: DESIGUALDADE GERA VIOLÊNCIA (VER)

O que é o grito? O Grito é uma manifestação popular. Um espaço plural no qual fazem parte movimentos populares, sindicatos, entidades e demais grupos, onde impera a luta por uma sociedade mais justa e a denúncia das injustiças contra o povo oprimido. O grito dos excluídos sempre ocorre no dia 7 de setembro, dia da comemoração da independência do Brasil, uma data estratégica para se refletir sobre a soberania do país.

Por que o grito? O grito é o extravasamento, é a denúncia, é a voz do povo. O país passa por tempos sombrios: a classe trabalhadora levou um golpe duro em 2016 e perdeu direitos trabalhistas, está ameaçada a perder serviços públicos (educação, saúde, etc.) com o congelamento dos investimentos por 20 anos, além da ameaça também da perda da aposentadoria. Soma­-se a isso a crise  econômica e o desemprego que vem assolando nosso país.

O tema do 24º Grito dos excluídos “Desigualdade gera violência” coincide com o momento político no qual o Brasil vive, um momento de massacre a classe trabalhadora, ampliando a pobreza, a desigualdade e a violência. O grito torna­se uma chama. Uma chama de esperança, de luta desse povo oprimido para que faça valer seus direitos e para a construção de uma sociedade mais justa.


24º GRITO DOS EXCLUÍDOS: HOMILIA (JULGAR)

"O povo trabalhador, com esperança fé e ação, derruba o
sistema de maldade e exploração”

Celebramos esses dois eventos no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, que nunca foi submissa diante das maldades, pelo contrário é apresentada a todo o povo cristão como sinal vivo de esperança.

Deus está do lado da mulher, da vida, da luz, da justiça e do bem. Trata­-se de dois mundos, de duas concepções da humanidade, antagônicas e em luta entre si. Jesus no evangelho fala de roupa nova que rasga a roupa velha, de vinho novo que estoura os odres velhos e Paulo define este antagonismo como luta entre o homem novo e o homem velho. É uma luta que nunca termina.

Não é de se estranhar, portanto, que também nos nossos dias entre o velho e o novo presente na nossa sociedade haja embates fortes e que a desigualdade social, que está crescendo a cada dia, seja a expressão de um poderoso investimento que favorece poucos privilegiados, tirando cada vez mais direitos e dignidade a uma enorme parte de cidadãos privados assim de ter acesso aos bens fundamentais da vida humana e de uma sadia convivência social. “Uma grande camada da sociedade vive à margem da nossa sociedade, sem direito à moradia, à alimentação adequada, à saúde, à educação, ao trabalho, a uma velhice serena, etc. Enquanto tivermos uma parcela da sociedade que passe por essas situações, há sentido sim o Grito dos Excluídos: ainda que alguém entre eles não tenha condições de gritar, os seus irmãos devem gritar por ele”. (Dom Vieira dos Santos).

A população do Brasil hoje não precisa mais que lhe deem voz, mas sim, os ouvidos. Os pobres querem falar e serem escutados, compreendidos. Fora do estigma de “coitados”, as pessoas em situação de risco social se veem como sujeitos ativos, aptos para o exercício da cidadania.

Sem dúvida entre os Excluídos encontram­-se os milhões de cidadãos, homens e mulheres que perderam o emprego e muitos que experimentam a instabilidade no trabalho provocada pela nefasta reforma trabalhista. A esse respeito falou o Papa Francisco aos representantes dos Movimentos Populares no Vaticano: “Não existe pior pobreza material... do que a que não permite ganhar o pão e priva da dignidade do trabalho. O desemprego juvenil, a informalidade e a falta dos direitos trabalhistas não são inevitáveis, são o resultado de uma prévia opção social, de um sistema econômico que coloca os lucros acima do homem. Se o lucro é econômico, sobre a humanidade ou sobre o homem, isso é o efeito de uma cultura do descarte que considera o ser humano em si mesmo como um bem de consumo, que pode ser usado e depois jogado fora” (Vaticano 28­-10­-2014).

Nunca como em tempos de instabilidade política e econômica a palavra “sonho” adquire um profundo significado, pois, além de um desejo pessoal, sonhar pode se tornar, e de fato está se tornando, um movimento coletivo por mais conscientização dos direitos.

Uma pessoa que dá asas a este grande sonho coletivo é o Papa Francisco: “O futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes, das grandes potências e das elites. Está fundamentalmente nas mãos dos povos; na sua capacidade de se organizarem e também nas suas mãos que regem, com humildade e convicção, este processo de mudança. Estou convosco."


24º GRITO DOS EXCLUÍDOS: PIRACICABA (AGIR)

"Frei Marcelo Toyansk Guimarães (Capuchinho – Piracicaba)"

O Grito dos Excluídos, em sua 24º realização em nível nacional, foi retomado depois de cerca de 12 anos em Piracicaba, com a participação das pastorais da criança, carcerária, migrante, operária, saúde e terra (em formação), bem como do Levante Popular da Juventude, professores, grupo de Justiça e Paz, da Comissão de Justiça, Paz e Integridade da Criação dos freis capuchinhos, da
Sodemap (entidade ambiental), entre outros.

Iniciou às 7h30, do 7 de setembro, em frente à Catedral de Piracicaba, realizando um ato às 8h, em sintonia ao tema do Grito deste ano de 2018 “desigualdade gera violência – basta de privilégios”, com um “grito de denúncia” de cada grupo/pastoral presente a partir de sua realidade. Contavam cem pessoas neste ato. A seguir os presentes no ato distribuíram mil jornal do Grito (da edição nacional), dialogando com a população, que assistia ao desfile, sobre o Grito dos Excluídos que acontecia neste dia, a desigualdade gritante e crescente em nosso país, as violências geradas por ela e as exclusões.

Ao final do desfile, os participantes do Grito caminharam na rua do desfile cantando e repetindo “desigualdade gera violência – basta de privilégios” e “Grito dos excluídos de Piracicaba – a vida em primeiro lugar”. Assim, deu­-se visibilidade que o dia 7 de setembro não se reduz a um desfile cívico, mas tem de assumir a realidade sofrida e de exclusões gritantes em meio ao nosso povo, pois a tal independência ainda não ocorreu, vivemos num Brasil dependente econômica ­politicamente, com a crescente exclusão e desigualdade!




Participe da Pastoral Operaria. As reuniões são abertas, venha nos visitar.
Próximas reuniões: 20 de outubro e 10 de novembro 2018, das 15:00 às 18:00h.
Local: Paróquia Sagrada Família.
Colabore com a impressão deste Boletim, faça sua doação.


O PENSAR Nº15

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